Mercado de carbono: o que é e como ele impacta o Agro brasileiro?
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O mercado de créditos de carbono foi uma das principais pautas da COP 26, mas é necessário entender o que esse caminho do #futurodoagro significa para o Brasil
O Acordo de Paris, assinado em 2015, foi um dos primeiros marcos no que diz respeito a um compromisso global em reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Oito anos depois, em 2021, muitas metas ainda não foram cumpridas — e a pressão só cresceu durante a COP 26.
Um dos principais objetivos da participação brasileira na COP 26 foi ressaltar que o setor agropecuário do país está a caminho de ser 100% sustentável e é baseado em ciência, tecnologia e inovação. O Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciou que o Brasil deve zerar o desmatamento ilegal até 2028. A estimativa inicial, antes da conferência, era 2030.
O presidente da Embrapa, Celso Moretti, destacou ainda que o objetivo é que o Brasil se torne uma economia neutra em carbono até 2050 e que, para isso, a participação ativa do agronegócio é imprescindível.
O que é o mercado de carbono?
A liberação de gases como o dióxido de carbono na atmosfera é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa, que contribui com a mudança climática ao tornar a atmosfera mais quente. A ideia do mercado de carbono, então, surgiu como um estímulo financeiro para os países diminuírem as suas emissões de CO2 ao precificá-las.
O conceito foi introduzido durante a criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC, em inglês), durante a ECO-92, no Rio de Janeiro. Foi publicado pela primeira vez no Protocolo de Kyoto, em 1997, no qual os mais de 140 países signatários anunciaram metas para reduzir suas emissões.
O mecanismo funciona da seguinte forma: cada tonelada de CO2 que deixou de ser emitida para a atmosfera equivale a um crédito de carbono. Esses créditos funcionariam como tokens que podem ser comercializados entre nações.
Os países que limitarem as suas emissões de carbono terão créditos de sobra que podem vender para outros países com dificuldade de reduzir as próprias emissões.
Como implementá-lo?
Para a implementação do mercado de carbono, o setor industrial, representado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), defende uma fase inicial focada em aprendizado e utilização de recursos financeiros relacionados a emissão de gases estufas para reinvestir em tecnologias de baixo carbono.
O intuito é que não apenas o carbono seja contemplado nessa regulamentação, mas também outras frentes como energias renováveis no geral, créditos florestais e gestão de resíduos.
Para que esse mercado seja efetivo, no entanto, será necessário também um sistema robusto para mensurar, supervisionar e verificar essas emissões e remoções. Isso deverá ser feito com a participação do governo e do setor privado, contando com o auxílio de comitês técnicos especializados que ajudem a implementar um sistema adaptado ao contexto nacional.
Os desafios do mercado de carbono no Brasil
Segundo um estudo do Centro de Investimentos da Agência da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO) e do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), apresentado durante a COP 26, um número crescente de empresas do setor agroalimentar, a nível mundial, têm demonstrado interesse em caminhar para a neutralidade de carbono.
De acordo com especialistas brasileiros, o primeiro passo é estabelecer essa iniciativa em âmbito nacional, com governança clara e diretrizes validadas pelo mercado internacional.
Outro ponto ressaltado é a necessidade de uma melhor educação e conscientização do setor privado sobre o que são os créditos de carbono e como empresas de vários setores podem ser emissoras destes. Existe, muitas vezes, falta de interesse ou de capital para financiar pequenos produtores que trabalham em suas cadeias de suprimento para implementar práticas mais sustentáveis.
No geral, o combate ao aquecimento global não pode ser feito através de uma só solução. É preciso um portfólio de iniciativas que sejam abrangentes o suficiente para abranger desde o pequeno produtor até as grandes indústrias.
A descarbonização e o futuro do agronegócio
O Brasil é um dos países que mais vende créditos de carbono atualmente, e a tendência é que esse número cresça ainda mais nos próximos anos. Isso acontece porque a geração de energia brasileira tem grande base em fontes renováveis, que somam 46% do total, comparado a uma média global de 14%.
O Agro brasileiro está avançando para se adaptar ao mercado de carbono, mas ainda há muito a se conquistar. Com a frente de ESG (ambiental, social e de governança) cada vez mais forte não só no país, mas no mundo como um todo, é questão de tempo até essas adaptações ocorrerem dentro da porteira e fazerem parte do dia a dia de produtores locais.
A Gavea, por sua vez, é pioneira nesse quesito, sendo uma das primeiras empresas do Agro a lançarem o próprio programa de sustentabilidade, chamado Gavea.ESG. Com essa iniciativa, somos pioneiros na pavimentação do caminho para um #futurodoagro cada vez mais tecnológico e sustentável.
Este artigo foi escrito por Paula Félix, Analista de Marketing da Gavea.