La Niña, fenômenos climáticos e o impacto no agronegócio
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Como as mudanças de temperatura podem atrasar chuvas e prejudicar colheitas
O fenômeno climático La Niña está previsto para chegar ao Brasil durante a primavera, mas já preocupa produtores e fornecedores principalmente no Centro-Sul do país, que desde o ano passado enfrenta a seca prolongada e temperaturas acima da média. De acordo com o Climate Prediction Center (CPC), a chance de que o fenômeno esteja ativo entre novembro deste ano e janeiro de 2022 é de 70%.
O que é o La Niña?
O La Niña ocorre quando há uma alteração da temperatura da água no Oceano Pacífico, que tende a se resfriar. A queda na temperatura acontece principalmente nas porções central e leste, o que influencia em aspectos como a concentração de chuvas e a distribuição de calor.
As condições mais favoráveis para o início do fenômeno no Brasil são estimadas entre agosto e outubro, mas as mudanças climáticas podem permanecer até o final do verão, em março de 2022.
O La Niña afetará a produtividade de grãos no Brasil?
No Brasil, o impacto do La Niña pode vir em forma de atraso das chuvas, prologando a estiagem em alguns estados. Porém, segundo o meteorologista da Somar, Celso Oliveira, isso não deve acontecer ainda em 2021. Ele aponta que há uma expectativa de fortes chuvas em outubro no país, o que pode ajudar a implementar uma lavoura mais rápida.
Segundo o especialista José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja, não necessariamente a presença do La Niña prejudicará a produtividade de grãos no Brasil. Como a variação de temperatura e as condições climáticas adversas já vêm se tornando cada vez mais parte da rotina do agronegócio, muitos produtores já vêm tomando medidas extras para preservar a colheita.
Quais medidas devem ser tomadas?
Para ele, a palavra-chave é “precaução”. O produtor deve se atentar ao manejo do solo e à capacidade de armazenamento de água para evitar perdas. É necessário se atentar à capacidade de recarga de água no solo, para que ele consiga absorver mais líquido e minimizar o impacto na colheita.
Além disso, deve-se escalar a semeadura, evitando plantar todas as sementes na mesma época. Essa medida oferece uma proteção extra aos produtores em caso de estiagem causada pelo atraso das chuvas, pois evita que toda a lavoura seja perdida de uma vez.
Fenômenos climáticos sempre acontecerão, mas com a adaptação de técnicas e alguns ajustes na agenda, os produtores podem garantir que o impacto do La Niña no agronegócio e na segurança alimentar da população seja o menor possível.
Fontes:
Fenômeno La Niña vai prejudicar a safra 2021/22 de soja no Brasil? (canalrural.com.br)
PowerPoint Presentation (noaa.gov)
SOMAR Meteorologia — El Niño/La Niña
Este artigo foi escrito por Paula Félix, Analista de Marketing da Gavea.